Violência política de gênero: o silêncio não pode ser uma opção

Durante anos, preferi ignorar ataques e desrespeitos, respondendo a eles com muito trabalho pela nossa gente. Mas quando a violência política contra as mulheres se repete tantas vezes, o silêncio não pode ser uma opção. Como posso incentivar outras mulheres a denunciar, se eu mesma aceitar ser alvo desse tipo de atitude?

O que aconteceu no grupo da Bancada do Vale é um exemplo do que muitas mulheres enfrentam ao ocupar espaços de poder. A mesma ação política que, se feita por um homem, seria vista como articulação, quando parte de uma mulher, é tratada como golpe. As palavras dirigidas a mim não são apenas um ataque pessoal, mas um reflexo de algo muito maior: a violência política de gênero, que segue sendo praticada porque, quem pode fazê-la parar, normaliza atitudes que são, segundo a lei, atos criminosos.

@asssembleiasc avançou muito, com a presidência dos deputados Julio Garcia e Mauro de Nadal, ao criar espaços como o Observatório, a Procuradoria e a Secretaria da Mulher. Essas iniciativas não são apenas simbólicas; elas representam um compromisso com a igualdade. Mas para que possamos mudar esse quadro, só aprovar leis não basta, temos que ter a coragem de tomar partido.

As mulheres evitam denunciar, muitas vezes, porque ao fazermos isso sofremos outras violências. Somos consideradas fracas, instáveis, despreparadas.

Minha fala não tem o objetivo de constranger, mas de trazer um alerta. Se nós, que temos a responsabilidade de representar a população, não tivermos coragem de reagir, seguiremos condenando muitas outras mulheres à violação de direitos, afastando-as da política. É por isso que a nossa denúncia será levada a todas as instâncias cabíveis.