Obra de superação a violência doméstica, “As filhas de Tamar” é lançada na Alesc
Dedicada a todas às “Anas”, “Marias”, “Cristianes”, à todas as mulheres que de algum modo sofreram um relacionamento abusivo, a obra “As filhas de Tamar”, autobiografia de Cristiane Rolim Flórido, 39 anos, foi lançada nesta quarta-feira (25) no hall do Palácio Barriga Verde, em Florianópolis.
A autora se inspira em sua própria história, narrando a violência doméstica que sofreu durante os 16 anos de seu relacionamento com o ex-companheiro, pai de seus três filhos. Ela relata ainda a sua volta por cima, a sua superação para se libertar desse ciclo de violência.
Ciúmes não é amor
“Com 14 anos comecei a enfrentar uma história tóxica. O que era ciúmes, que pensamos ser um ato de amor, é na realidade um sinal de alerta para um ciclo de violência”, afirmou a autora que confessou que em seu pensamento sempre existia a esperança de retratar sua história de vida como motivação para outras mulheres. “Eu pensava que quando sair dessa situação, vou escrever um livro para inspirar outras mulheres que passam pela mesma realidade a saírem desse ciclo, a se libertarem”, relatou.
Quem é Tamar
O título do livro é emblemático. Na Bíblia, Tamar é uma das filhas do rei David, vítima de violência doméstica dentro de sua própria casa. A violência foi praticada pelo seu meio irmão, Amnon. Religiosa, Cristiane admite que na Bíblia se identificou muito com a história de Tamar.
“A história de Tamar é um relato claro de um ato premeditado de violência sexual que ocorre na casa de Davi. O agressor, um meio-irmão , admite a sua paixão por Tamar e é aconselhado a inventar uma história que facilitaria seu acesso a ela”, revela, destacando que qualquer mulher que sofre violência, tem que buscar ajuda.
Ela confessa que levou 16 anos para se libertar. “Esse livro é de auto-ajuda. Tudo começa com relacionamento abusivo, onde vai nos levando a ter uma dependência emocional da outra pessoa. Demorou para a minha chave virar para eu perceber que sou digna, que primeiramente tenho que me amar”, confessou.
Maiores informações a respeito da autora e de seu livro podem ser encontrados no @cristianerolim.oficial.
Mulheres do Parlamento
O lançamento dessa autobiografia contou com as digitais da deputada Paulinha (Podemos), secretária da Mulher e coordenadora da Bancada Feminina do Parlamento. A solenidade movimentou o parlamento e contou com a presença de autoridades, entre elas a da deputada Luciane Carminatti (PT).
Violência
Dados assustadores que levam a reflexão: No Brasil, uma mulher é vítima de violência a cada quatro horas. Em Santa Catarina, de acordo com o Observatório da Violência contra a Mulher, as vítimas de feminicídio, de janeiro a setembro de 2023, chegam a 43 mulheres assassinadas.
Valquíria Guimarães
Fonte: AGÊNCIA AL